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O que está por trás da crise do mercado livreiro no Brasil?

Se um país é formado de livros e homens, onde estão os homens que deveriam se preocupar com esse cenário?



Por Matheus José, escritor e editor-chefe na Editora Vecchio.


Monteiro Lobato já dizia que um país se faz com homens e livros. No Brasil, a não valorização dessa frase tão marcante acarretou em sérios problemas sociais, culturais e econômicos. É provado, e do conhecimento de todos, que a leitura é uma forma prazerosa de lazer, de estudo e ajuda na formação do imaginário humano, de um bom vocabulário, além de cooperar na interpretação de texto, criatividade, senso crítico e até no bem biológico das pessoas. Porém, uma pesquisa feita pelo Instituto Pró-Livro mostrou que o brasileiro lê menos de três livros por ano.

As consequências dessa dura realidade pode-se ver em várias atitudes do dia a dia, como a propagação de Fake News e, como mostra a pesquisa do IPSOS, o Brasil na segunda colocação de ignorância sobre a realidade. Outra grande consequência que veio à tona recentemente é a crise no mercado livreiro.

Desde os anos anteriores, a brasileira Livraria Cultura e a francesa Fnac, vinham sofrendo com a crise econômica no Brasil. Em 2017, a Cultura comprou a Fnac para tentar driblar as quedas nos gráficos, porém o cenário foi ficando pior e a empresa começou a fechar suas lojas. Em outubro deste ano, a Livraria Cultura, com dívida de 285,4 milhões de reais, pediu recuperação judicial. Já a Livraria Saraiva, também brasileira, sofreu pedidos de despejo por atrasos de pagamento e começou a fechar as portas em vários locais do país.

É óbvio que em uma geração altamente tecnológica, o uso dos E-books cresceu muito e a grande fornecedora dos livros digitais e físicos, Amazon, sobe a cada dia. Outro ponto importante a se falar sobre a crise das livrarias brasileiras e, análogo a isso, o crescimento da Amazon, é o fato da empresa americana não ter livrarias espalhadas pelo país, sendo um mercado digital, o que resulta em menos gastos e preços mais baixos dos livros.

Mas além dessa concorrência acirrada entre as livrarias brasileiras e a Amazon, está a figura do próprio brasileiro. Se um país é formado de livros e homens, onde estão os homens que deveriam se preocupar com esse cenário? O governo fecha os olhos para a leitura no país. Aqui, os livros servem para serem jogados em prateleiras empoeiradas, não existe incentivos econômicos para a fabricação do livro (editoras) e para o comércio (livrarias), o que acarreta em grandes consequência na formação social, cultural e educacional dos cidadãos brasileiros e causa uma grande cratera no setor econômico livreiro.



O OUTRO LADO DA MOEDA:


As livrarias brasileiras, principalmente Cultura e Saraiva, buscam ainda no governo Temer uma “retaliação” contra a Amazon. A Câmara Brasileira do Livro enviou recentemente a Eliseu Padilha – atual ministro da Casa Civil – uma carta cobrando posicionamento sobre a Política Nacional de Regulação do Comércio de Livros, que determina um padrão de preço por 01 (um ano), impedindo grandes descontos, como os que são oferecidos pela Amazon.

Para a Câmara, a medida é uma resposta positiva e responsável à crise das livrarias no Brasil. Para o leitor, é o fim dos descontos da empresa americana. No meio dessa confusão entre empresas e governo, fica a pergunta: Vale mais livrarias físicas abertas e preços mais altos ou desconto de livros em livrarias digitais?


Petrolina/PE, 05 de novembro de 2018.

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